14 de dezembro de 2007

Aprendiz de poeta

Faz pouco tempo
que me dedico a escrever poemas.
Acredito que a pratica leva a perfeição
mas ainda estou longe disso.
Sou um neófito, um aprendiz
Me considero um poeta de versos tortos
um peregrino
nas terras hostis das palavras.
Levo na bagagem somente meus sentimentos.
Se falo da vida nos meus versos
não é porque a conheça por completo
mas sim porque a amo, e amo ama-la.
Como diz Fernando Pessoa
“Quem ama nunca sabe o por que ama,
nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência.”
Belas são essas palavras
um dia quem sabe eu chego lá.
Quero seguir meu próprio caminho
não tenho medo de me aventurar.

8 de dezembro de 2007

No meio do caminho.

No meio do meu caminho não tinha uma pedra, havia uma flor.
Havia uma flor no meio do caminho.
Assim como aconteceu com o poeta, também em minha vida nunca esquecerei daquele momento.
Aquela flor no meio do caminho...
Compreendo hoje o que o poeta quis dizer com aquela pedra, deve ter sido a mesma coisa que digo em reverência a flor.
Havia uma flor no meio do caminho. Sim, havia, não há mais.
Que tristeza! Não há mais a flor no meu caminho. O lugar onde estava aquela singela planta, não há mais nada.
Aquela flor pequena e branca...
Aquela flor no meio do caminho...
Flor serena e tranqüila em meio à correria da vida. Correria que nos impede muitas vezes de apreciarmos a beleza única de cada momento.
Beleza única... Momentos perdidos... Vida desperdiçada... “Há se eu pudesse”...
Havia uma flor no meio do caminho. E agora lamento por não ter adornado aquele instante, nem sequer uma foto para por na estante.
Tentei imaginar o que poderia ter lhe acontecido. Alguma criança poderia ter arrancado e feliz dado para sua professora, ou alguma senhorita admirada colocado em seu diário, talvez até num copo d’água. Não questionarei essas atitudes só por achar que o melhor seria deixá-la em paz no seu cantinho enfeitando a vida de muitos, o errado em toda essa história sou eu. Já dizia aquele ditado “Nunca deixe para amanha o que se pode fazer hoje”, deve ser por isso que vivemos sempre no presente. Estava pensando sobre isso dias atras: O futuro existe somente no nosso imaginário, o passado em nossas lembranças, já o presente... Esse é a nossa área de atuação. É até engraçado que o ‘hoje’ é chamado de ‘presente’, a mesma palavra que usamos quando queremos agradar alguém. Esse momento é um presente e presente recebe sem precisar fazer nada em troca. Apenas recebo e fico grato. Recebo e festejo.
Talvez pelo nosso ceticismo recebemos tudo com um olhar de desconfiança e consequentemente não aproveitamos cada momento. Só despertamos quando já é tarde e a flor não está mais no local onde a encontrou.
Pois é! Havia uma flor no meio do caminho.
No meio do caminho havia uma flor e eu... Eu nem lhe perguntei o seu nome.

6 de dezembro de 2007

Trecho do livro: Tempus Fugit

"Sentia que o relógio chamava para o seu tempo, que era o tempo de todos aqueles fantasmas, o tempo da vida que passou.... tenho saudade dele. Por sua tranquila honestidade, repetindo sempre, incansável, “tempos fugit”. Ainda comprarei um outro que diga a mesma coisa. Relógio que não se pareças com este meu, no pulso, que marca a hora sem dizer nada, que não tem estórias para contar. Meu relógio só me diz uma coisa: o quanto eu devo correr para não me atrasar... Mas o relógio não desiste. Continuará a nos chamar à sabedoria: “tempus fugit...”. Quem sabe que o tempo está fugindo descobre, subitamente, a beleza única do momento que nunca mais será... "

(Rubem Alves)

2 de dezembro de 2007

Sobre o amor.

O amor não se guarda no peito
pois o coração é fraco
posso sofrer de enfarto.
Guardo em minha mente
que é o poço para saciar meu coração.

30 de novembro de 2007

Funeral

No dia em que morri não vi velas nem lágrimas.
Esperava prantos. Esperava até aquela piadinha:
- Ele está se mexendo!
Não ouvi nada disso.
Parece-me que nem salgado e refrigerante teve.
Será que não teve?
Como posso saber?
Eu era o morto.

27 de novembro de 2007

“Crescemos praticamente juntos”

Enganaram-me. Sim, pregaram uma pegadinha e eu, caí. Não esperava que acontecesse logo comigo, lógico se esperasse não cairia. Quer dizer, não tenho tanta certeza, do jeito que sou ‘bobinho’...
Caí numa brincadeira de uma pessoa que fez uso indevido do MSN de uma amiga. Claro que soube disso depois. Na hora o suor corria frio no meu rosto, a palidez tomava minha pele. Perguntava: Por que esse mal entendido está ocorrendo justo comigo? Eu, um rapaz tão gente fina, legal e crente.
Sim! Ainda por cima crente.
E justificava: Amiga por que lhe ofenderia?
Mas essas palavras esvaziavam-se na tela do computador por outras pontiagudas... E tornava o clima cada vez mais tenso. Tentava explicar. Ela não queria ouvir (ler). Aí apelei: Poxa! Como pode pensar isso de mim? Crescemos praticamente juntos.

Crescemos praticamente juntos e parecia que não me conhecia.
Depois aconteceu o alivio. Como disse, caí numa pegadinha. Esse mal entendido não precisa mais ser estendido, pois a situação foi esclarecida. Ninguém ferido. Só levou-me a refletir minha incapacidade de cultivar as flores que tenho recebido.

Crescemos praticamente juntos e mesmo assim ‘parecia’ que não me conhecia.
Doeu naquela hora. Continua doendo. Mesmo que tenha sido uma brincadeira, assemelhou-se bastante com a realidade. Não que eu xingue. Sim pelo cuidado. Não tenho tido cuidado com as amizades que cultivo. Já dizia aquela raposa do pequeno príncipe: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.
Se tivesse regado bem não precisaria entrar naquele impasse. Seria ela que diria: – Crescemos praticamente juntos sei que não faria isso.

Qualquer um que queira aventurar na arte de criar jardins, precisa saber que para a planta crescer tem de ter certos cuidados. Vai desde o preparo da terra a podar quando preciso. Na história da criação é isso que vemos, Deus nos colocou no meio de um jardim e incumbiu a missão de cuidarmos. Cuidarmos da natureza e do nosso próximo. Uma vez que fazemos parte do mesmo universo (o da criação) precisamos trabalhar para que as flores não murchem, os ipês continuem alegrando no inverno. Cada qual fazendo a sua parte nesse grande jardim. Cada um com a sua peculiaridade exercendo o seu papel. Esse é o nosso chamado: Cuidar uns dos outros. Ás árvores mesmo com a nossa ingratidão continua produzir seus frutos. Não é de espantar que o primeiro ser humano tenho sido feito da terra e o segundo da costela do outro, creio que o Criador fez isso de propósito para revelar nossa total interdependência.

Desde o momento que o homem deixou de ter cuidado, o mundo se tornou um lugar descuidado, maltratado, largado, complicado de se viver.
Devíamos fazer uso ‘daquelas placas’ enquanto a consciência está sendo conscientizada.
– Ei! Você não viu a placa! – O rapaz estica o dedo indicador em direção aos dizeres “Não pise, não maltrate e nem fira as plantas. Ame-as.”.
Nós fomos criados para vivermos no jardim. Se hoje o que enxergamos é a degradação em vez de jardim a culpa é nossa. Abandonamos a arte de cuidar para dedicarmos ao desmatamento. Do jardim ao buquê. Tudo não passa de interesse. A vida é resumida em buquê, um nome bonito para o capitalismo.
Mas ainda mantenho esperança. O jardim ainda não morreu. O propósito do Criador continua. Novas flores estão florescendo. Posso ver o toque da graça nos pingos de orvalho logo cedo.

“A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou na esperança, porque a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus (Romanos 8.19-21)"

Essa é a minha esperança: O jardim voltará a encantar.
Devemos retomar o foco. Resgatar os valores outrora perdido.
Aprender... Sempre teremos algo a aprender. Nessa vida somos eternos aprendizes.
E a raposa ainda tem algo a nos ensinar:
“Disse o príncipe: O que quer dizer “cativar”?
(...) É uma coisa muito esquecida – disse a raposa. – Significa “criar laços”...
– Criar laços? – Exatamente. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo. (...)
– Por favor, cativa-me! – disse ela. – Bem quisera – disse o príncipe – mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
– A gente só conhece bem as coisas que cativou – disse a raposa.”

E crescemos praticamente juntos...
Demorei a aprender. Ainda bem que nunca é tarde pra recomeçar. E a pergunta continua... perpetuada em meu coração:
Como estou cultivando as flores que tenho recebido?
A maneira em que cuido determinará o perfume que colherei amanhã.
Lembre-se sempre da sábia frase da raposa: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.
Seja a Deus. Seja o próximo. Seja a natureza. Seja a vida.

13 de novembro de 2007

Quatro Estações

Às vezes me sinto como uma árvore.
Um dia as folhas caem, noutro o fruto amadurece.
Durante a tarde o sol queima suas flores
mas se renova quando anoitece.

- Como se vê, a árvore é a mesma,
somente as estações é que mudam.

30 de outubro de 2007

Quando não sabia o que escrever.

Tenho uma dificuldade de iniciar um texto, depois que escrevo as primeiras palavras o restante é “fichinha”...
Quem dera que fosse assim... Na verdade, as palavras a seguir são mais difíceis ainda.
Escrevo, apago, rescrevo, apago novamente e retorno a escrever. Não adianta, por mais que admire a arte da escrita, creio não ter nenhuma vocação para com ela.

Mas continuo escrevendo.
Sou brasileiro e não desisto nunca!
Quem sabe um dia escreva algo de valor.
Quem sabe um dia escreva como aqueles que tanto admirei em mi vida.

Poetas, os magos da palavra.
Quero sentar aos seus pés e devora-los.
Comer cada proparoxítona anunciada.
Beber seus sonetos.
E nunca ficar satisfeito. Querer sempre mais. Gritar por ‘bis’.
Dia a dia, banquetear seus versos, contos e prosa.
Afinal, é vitaminas para alma e ultimamente tenho andado tão ‘magrinho’.

Tento iniciar novamente o texto.
Sou perseverante. Enquanto ninguém dizer para largar essa arte, vou continuar escrevendo... quer dizer... continuarei à tentar escrever.
Agora mesmo iniciei uma crônica, mas não dei continuidade.
Iniciei um poema, mas também não dei continuidade.
Tenho uma coleção de rascunhos (de idéias) aqui em casa aguardando o momento de consegui-los dar vida. Sopra-los em suas narinas e ver um ‘texto vivente’.
Por isso volto afirmar: O poeta é um mago.

Disseram-me estar no rumo certo. Dizem que para escrever um belo poema, o poeta tem ao seu lado a transpiração, pois nem sempre a inspiração o ajuda. Mas esses não sabem o quanto já suei. Esperneei. Transpirei e muito. Só perdi liquido e algumas horas em frente ao computador.
Num ritual macabro, tentei invocar a inspiração.
Imagina, ao ‘baixar’ em mim a inspiração psicografasse Quintana.
Sei que deves estar pensando: - Aí é querer de mais!
Esse é o problema... sempre quero de mais.
Não contento em lê-los, os quero.
Há como queria tê-los escritos.
Almejei até roubar, mas a consciência relutou ser pecado.

Não quero sumir somente coelhos da cartola, ambiciono-me em mover sois, criar universos. Por falar em criação, tentei criar um mundo, esses de “faz-de-conta”, um mundo onde pudesse expressar minha alma, ou para aplicar fundos morais para os meus leitores. Desisti(pelo menos por enquanto). Dividir as águas da terra dá muito trabalho. Minha primeira tentativa foi puxar a água com o rodo, sem muito resultado, pois a água voltava. Na segunda, tentei secar a terra com um pano seco, logo percebi que precisaria de milhares de panos. Como a idéia de criar (acho que não seria essa a melhor palavra, afinal criamos a partir do que já existe, moldar seria a melhor palavra) fracassou, decidi entrar num mundo existente. Nesse instante fui ousado, escolhi o mundo de Nárnia para fazer minhas aventuras. Queria ver o grande leão, Aslan. Os animais falantes. Tomar um chã(de preferencia gelado) com Lucia. Mas chegando lá que decepção, Aslan não apareceu, os animais não falavam e Lucia não era tão bonita. Logo entendi o porque, faltava o toque do autor. Nárnia sem C.S.Lewis não é Nárnia, é uma farsa, todo bagunçada e sem nexo. Corri de lá.

Tentei reiniciar o texto. A palavra tem o poder de rejuvenescer à alma, infelizmente poucos verdadeiramente as domina. Voltei e nada.

E tento novamente escrever minhas palavras.
Novamente.
Novamente.
Foi aí que fui iluminado. As palavras não são minha. Elas nasceram para viver livre. Elas ‘quebram nosso galho’ quando precisamos transmitir alguma idéia(de pensamento). Fomos chamados para trabalhar em parceria com as palavras, nada desse sistema de opressão. Esse foi o meu erro, as oprimia. Enquanto que na verdade cada um faz a sua parte na construção do enredo (seja de um conto, crônica ou poema). Assim como somos chamados (por Deus) na construção da nossa história, nós chamamos as palavras para construir uma outra história. Minha visão nesse sentido foi aberta, como por mágica. Na próxima vez que estiver com um lápis em mão (eu sei que os tempos são outros, mundo informatizado, coisa e tal. Mas fica muito mais poético do que dizer “teclado em mão”) lembrarei disto. Quero acreditar que o verbo se fez carne, para nos ensinar a fabulosa arte de se fazer verbo. Por isso, enquanto fôlego em mim houver, gastarei nisso.

19 de outubro de 2007

Uma nova roupagem para a fabula do beija-flor.

Conta-se uma história de um grande incêndio na floresta. Muitos animais fugiam. Cada um preocupado com sua própria vida. Por mais que os macacos gostasse de ficar cada um em seu galho, nesse momento queria ficar bem longe, macaco faz ‘macaquice’ mais não é louco. Só um animal doido da cabeça ficaria por lá, de fato, a vaca louca ficou por achar ser fogo. As galinhas não queria ser ‘galinha assada’, queria ser achada bem longe dali... lembrava de uma de suas visitas a cidade grande quando pela primeira vez viu a televisão. Por mais que os cachorros achassem o filme maravilhoso, ela achava assustador e inclusive, muitos dias ficou sem dormir com aquelas imagens chocantes rodando e rodando. A galinha gritava:

- Popó!!! (Cada um por si e Deus por todos)

Todos corriam em disparada. Quer dizer, nem todos. O beija-flor ficou. Esse pássaro, amante da natureza, não queria ver aquele lugar onde muito foi feliz extinto. E correu em direção ao riacho (Eu sei que pássaro não corre, voa) colocou a maior quantidade de água que seu bico poderia carregar e voltou à ‘floresta sitiada’ disparou um jato d’água em direção ao fogo. A quantidade de água em mililitros não sei ao certo. O certo que evaporou antes mesmo de chegar no fogo. O beija-flor sabia que o sábia sabia assobia, mas há essa hora estava longe, não poderia ajudar. Voltou ao riacho as pressas e as rejas retornava ao fogo. Prosseguiu muitas vezes esse ritual. Ida ao riacho, volta ao incêndio. Volta ao riacho, ida ao incêndio. Nesse momento (creio eu) deve ter vindo em flash-back memórias de dias felizes. Dias, voando sobre o campo de rosas silvestre, ocasiões que parava no ar horas e horas (hora de beija-flor é diferente da nossa) para aprecia-las.
- E naquele dia Beija-flor que você “mergulhava” no ar para chamar atenção das fêmeas!

- Nem fala.

Mas o beija-flor tinha uma missão. Não recebeu de ninguém. O chamamento vinha de dentro. Ele sabia que era responsável pela floresta. Dela recebeu tanta alegria, era sua vez de retribuir. Em seus olhos derramava lágrimas. Lágrimas de tristezas (O beija-flor tem coração, pequeno mais tem. Embora beija flor , mas amava toda a floresta).

- Que coisa terrível estava acontecendo!

Foram os ‘bicho-gente’ que botaram o fogo na mata, isso tudo por seus idéias capitalistas. Mas o beija-flor (a parti de agora chamado de beija) tinha um ideal maior. Por acreditar fielmente nisso não parava um segundo. Da água ao incêndio e vice-versa.

Claro que nessa ‘altura do campeonato’ sua atitude chamou atenção da bicharada. Esses que corriam pararão e propuseram à observa-lo. Os comentários surgiram.

Uns críticos:

- Que ridículo. Só está querendo aparecer.

Outros:

- Porque ele não desiste? Não está vendo que nunca apagará o fogo.

Alguns admirava:

- Um dia quero ser igual o beija-flor.

Não foram essas palavras que o fizeram parar. Para falar a verdade, beija nem ouviu esses comentários. Tinha um fogo para apagar. Não poderia perder tempo. Beija a água e cuspia no fogo. Beija a esperança. Beija a vida. Beija-me.

Não se pode perder tempo com debates e nem de provar a necessidade de se apagar o fogo. Ele estava lá. Não precisava fazer muita força para vê-lo. Mas os animais como virão que o beija-flor não prestava atenção em suas papagaiadas, começaram a discutir entre si.

- Devemos ou não ajudar o beija-flor?

Nesse instante surgiu diversos partidos. Tinha de tudo. Os mais importantes eram: Os que acreditavam que a chuva cedo ou mais tarde cairia; Aqueles outros que dizia “Tem coisas mais importantes do que isso, por exemplo, salvar nossas peles” e por ultimo, os que crêem poder apagar o fogo (O problema é como? Assim dentro desse grupo surgiu vários subgrupos).

As vezes as coisas são tão simples, como os animais gostava de complicar. O fogo disseminava. Beija-flor trabalhava intensamente. Os animais discutiam. E as horas? Elas passavam (lembra, hora de bicho é diferente de gente). Até que ouve uma queda nessa rotina na mata. O beija-flor não voltou. Mas o fogo continuou e a discussão prosseguiu. E isso continua até os nossos dias de hoje.

17 de outubro de 2007

O teólogo e o poeta.

Nem sempre um teólogo quando escreve vai falar de Deus. Ele até pode falar da vida, mas não todas as suas complexidades. Nem sempre um poeta quando escreve vai falar da vida. Ele até pode falar de Deus, mas não todos os seus mistérios. Mesmo tratando de Deus, o teólogo é um neófito. Mesmo tratando da vida, o poeta é um aprendiz. O teólogo usa de palavras complicadas. O poeta prefere a simplicidade. Um, parte de raciocínio lógico. O outro, parte dos sentimentos. Um busca entender a Deus. O outro entender a vida. Um ao procurar a Deus, encontra a vida. O outro ao procurar a vida, encontra a Deus. Imagina o quanto de beneficio o mundo teria ao invés de um teólogo e poeta existisse um ‘poeólogo’.

6 de outubro de 2007

Felicidade adormecida.

Hoje tive um dia triste, por mais que tivesse motivos para ser feliz, para mim foi um dia triste levemente levedado com revolta. Tentei alegrar-me com os que se alegravam, afinal a Bíblia ensina isso, mas não deu, não deu mesmo. Senti-me nu no grande coliseu sendo visto por todos os amigos, não entristeci por não terem ido ao meu resgate, acredito que nem sabia que a pessoa que estava sendo apedrejada era eu.

- Não! Eu não sou Pedro. Meu nome é Breno.
- Não! Também não sou Satanás. Já disse que meu nome é Breno. Breno Alonso. Ouviu? Breno Alonso.

Por mais que parecesse estar na pele de Pedro quando Jesus pronunciou essas palavras, não me sentia e não me via como um Pedro. Talvez Pedro não conseguisse se ver como Satanás, o “disseminador do mal”. Pedro provavelmente teve um peso no seu coração ao ouvir essas palavras, o que ocorreu comigo foi tristeza. Fui completamente egoísta. Fiquei triste sozinho e por essa causa chorei também sozinho. Cantei para ver se espantava a tristeza. Contei até uma boa piada, sem muito efeito. Não teve jeito, recorri a Deus (é incrível como só procuramos o nosso Pai quando não conseguimos por nós mesmos encontrar uma solução). Corri como uma criança em direção aos Seus braços e derramei-me em lágrimas. Pus-me a falar tudo que se passava no coração. Queria ouvir Dele o que achava disso tudo. Na verdade, não precisava responder à pergunta, podia fazer como fez com Jó:

- Breno, eu sei o seu nome. Estou aqui para admirarmos juntos a Minha criação.

Seria o bastante. Só precisava saber que não estava sozinho nisso tudo. Queria ouvir Sua voz. E acreditem... Ele falou. Pasmem, em português. Não vou dizer que Deus é brasileiro e que seu Filho nasceu em Belém do Pará. Nem muito menos que a língua dos anjos é o português. - Êitá nóis, Brasil! Ele usou um de seus porta-vozes para comunicar comigo, um profeta. A mensagem não veio da forma “Eis que te digo meu servo...”, acho que ele nem sabe que foi instrumento de Deus para me confortar.

Se a intenção desses é de podar-me, quero dizer que desta vez não. Muito menos os bajularei. Preocuparei com as pessoas, já revelei o meu desapontamento com a instituição. Não me considero um rebelde, apenas um inconformado. Perdoa-me Deus por estar fazendo algum mal ao meu próximo (mesmo sem perceber). Eu quero amar como o Senhor ama, então ajuda-me, não quero alimentar esses sentimentos negativos. Saiba que esse dia estará gravado na minha memória, não por rancor, mas por felicidade. Não posso esquecer que também hoje, vidas foram restauradas. Minha felicidade que agora esta adormecida, acordará amanha para brindar, mesmo sozinha, pelo que aconteceu. Talvez possa ser tudo fruto da minha cabeça conspiradora. Que as pedras, algemas e as feras não existam. O que será que Deus quer ensinar nisso tudo? Não sei. Nesse momento estou há procura de respostas. Devo admitir:

- Tenho medo desgraçado que ao final disso tudo eu realmente seja Pedro e não o Breno.

22 de setembro de 2007

Se eu fosse um pastor...

Peço licença a Mario Quintana para fazer uma pequena adaptação
em um dos seus poemas trazendo para a minha realidade.


Se eu fosse um pastor

Se eu fosse um pastor, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
- muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um pastor eu citaria os poetas,

Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma...
a um belo poema - ainda que de Deus se aparte
-um belo poema sempre leva a Deus!

Mario Quintana.

* O original é “se eu fosse um padre”.

17 de setembro de 2007

Meu cansaço de cada dia.


Estou cansado. Mesmo com os meus vinte e três anos, já me sinto na faixa dos cinqüenta. Já me disseram que é pela falta de alguma atividade física, até me animei de fazer natação, fiquei empolgado por causa do PAN, ser o próximo brasileiro a ganhar sete medalhas de ouro para o nosso ‘brasilzão’. Nossa terra sofrida merece essas pequenas faíscas de alegria. Mas meu cansaço vai além.

Estou cansado. Estou muito cansado. Quem dera se o cansaço fosse meramente físico. Estou cansado de ver os problemas de minha gente e principalmente cansado de mim, por ver tanta coisa e não ter dado nenhuma contribuição para mudar esse quadro. E nisso acabo entrando no hall daqueles que falam muito e faz pouco. Assim fico cansado e triste.

Recentemente fui confrontado por Deus. Esse que sempre quer o nosso bem. Mas desta vez foi diferente, fui encurralado, não consegui uma desculpa se quer para justifica o meu erro. Fiquei realmente sem saída. Não tinha outra escapatória a não ser me lançar em seus braços. É difícil para os seres que lutam diariamente por independência descobrir sua total insignificância. Descobrir que é pó, embora com essência divina, sempre pó, limitado e dependente. Cansei de procurar desculpas. Cansei de fugir. Cansei de querer independência. Cansei de viver a vida de uma forma amena.

Cansei também de tentar me encaixar nos padrões que os outros querem para mim. Por mais que se tente alegrar ‘gregos e troianos’, eles nunca ficam satisfeitos. Quanto tempo deixei de ser eu. Não consigo acreditar que deixei os outros apagarem-me. Hoje quando olho no espelho, já não me reconheço. Ainda bem que a graça me resgatou e me mostrou que Jesus me ama do jeito que sou, com todas as minhas ‘esquisitices’ e ‘boberites’. Serei eu a partir de agora! Viverei minha vida de forma integral. Não mais preocupado com que as pessoas vão pensar ao me respeito, somente com que Cristo pensa. E é nos padrões dele que quero me encaixar a cada dia.

Cansei de ficar guardando as minhas descobertas, por muito tempo tive medo dos críticos, a verdade é que não se pode viver em prol deles, como dizem por aí: “Opinião é igual bunda, cada um tem a sua”. Devemos respeitar a opinião dos outros. A história do cristianismo esta recheada desses homens sem respeito, que se discordassem deles era apedrejado ou jogado numa fogueira. Agora eu abro a boca e digo o que passa em meu coração sem medo. Coisa do tipo, não é só o homem que se converterá há Deus no final, Deus também se adaptara aos homens. Se disser um pouco do que acredito na comunidade onde moro, serei motivo de piada. Não ligo mais. Farei o que Cristo me ensinou, "chorar com os que choram e se alegrar com os que se alegram” e até ri com os que riem, mesmo que seja de mim.

Estou cansado de buscar descanso nas instituições e em alguns tipos de pessoas. Cansei de querer procurar justificar tudo e qualquer tipo de coisa que faço e afirmo. O que tem de gente ‘cabeça dura’ é inacreditável. Estou muito cansado de ouvir pessoas que se acha de mais, parece que, como diz Fernando Pessoa: “Estou só e cercado de semideuses”. Sou um imperfeito entre seres perfeitos. Perfeitos que tem receita da melhor espiritualidade. Que tem as melhores respostas para as ‘interrogações’ desta vida. Muitas vezes assumem o papel de deuses e outras de pai da psicanálise. Será que Freud explica isto? Cansa-me estar com pessoas que não tem o mínimo de humildade.

Não tenho mais medo de ser visto como tendo uma ‘teologia fraquinha’, sem muito sentido, se faz sentido para mim é o que importa. Tem pessoas que não vale a pena discutir, pois já estão fechadas em seus conceitos. Quando dizem querer saber de nossa teologia é que se deliciam em ridicularizar os que têm opinião contraria a deles. Cansei de conversar com esses, desejo somente dialogar sobre Deus e os seus mistérios por pessoas amorosas e compreensivas. Pessoas, como eu, interessadas em conhecer Deus mais e mais. Quero fugir do erro de enquadrar Deus em lentes e esquemas teológicos. Ele está acima de tudo isso. Procuro ver a teologia como uma relação do homem com Deus, sendo assim a teologia precisa ser muito pessoal, ou seja, muito tua, muito minha e muita nossa.

Nessa minha caminhada descobri que querer agradar gente é muito complicado, pelo fato de nunca estarem satisfeito. Viver em prol dos outros é querer comprar a infelicidade. Isso não quero mais pra mim. Quero fazer aquilo que me agrada. Quero viver em eterno agrado a Deus. Estou cansado de andar com os ditos “espirituais”, quero andar com os humanos pecadores. Deixem os espirituais em suas instituições e vamos para avenida junto com o bloco popular. Quero caminhar com esses, os Jose e Maria do meu Brasil, com suas lutas e vitórias, suas tristezas e alegrias, com suas perdas e ganhos. Esses, que trabalhando de sol à sol buscam o sustento de sua casa. Também estar com aqueles cristãos que parecem não terem os frutos do Espírito, em certo sentido vejo como uma vantagem, pois nunca vão se achar auto-suficiente, como vejo muitos por aparentemente terem os frutos se julgam melhores que esses pequeninos (embora nunca dizem abertamente, mas suas atitudes os denunciam). Quero estar incluído entre os pequeninos. Prefiro seguir o exemplo daqueles que marcaram positivamente a minha vida mesmo sendo homens que tenham cometidos erros. Perdoem-me! Perdoem-me por nunca ter lhes dado o devido valor. Prometo não deixar mais de lado quando precisarem de mim. Prometo estar sempre junto. Estou cansado. Cansei de muitas coisas, mas não do meu amor pelo meu Deus, esse cresce a cada dia. Estou aqui relatando meu cansaço mais sei da promessa de Deus para os cansados, esses serão consolados.

27 de agosto de 2007

Para o meu primeiro post, nada melhor que começar com uma oração.
Faço minha essas palavras de Nietzche...

- A Oração ao Deus Desconhecido -

Antes de prosseguir em meu caminho e lançar o meu olhar para frente uma vez mais, elevo, só, minhas mãos a Ti na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas de meu coração, tenho dedicado altares festivos para que,
em cada momento, Tua voz me pudesse chamar.
Sobre esses altares estão gravadas em fogo estas palavras: “Ao Deus desconhecido”.
Seu, sou eu, embora até o presente tenha me associado aos sacrílegos.
Seu, sou eu, não obstante os laços que me puxam para o abismo.
Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servi-lo.
Eu quero te conhecer, desconhecido.
Tu, que me penetras a alma e, qual turbilhão, invades a minha vida.
Tu, o incompreensível, mas meu semelhante,quero Te conhecer, quero servir só a Ti.

Friedrich Nietzche - (Traduzida do alemão por Leonardo Boff)