30 de outubro de 2007

Quando não sabia o que escrever.

Tenho uma dificuldade de iniciar um texto, depois que escrevo as primeiras palavras o restante é “fichinha”...
Quem dera que fosse assim... Na verdade, as palavras a seguir são mais difíceis ainda.
Escrevo, apago, rescrevo, apago novamente e retorno a escrever. Não adianta, por mais que admire a arte da escrita, creio não ter nenhuma vocação para com ela.

Mas continuo escrevendo.
Sou brasileiro e não desisto nunca!
Quem sabe um dia escreva algo de valor.
Quem sabe um dia escreva como aqueles que tanto admirei em mi vida.

Poetas, os magos da palavra.
Quero sentar aos seus pés e devora-los.
Comer cada proparoxítona anunciada.
Beber seus sonetos.
E nunca ficar satisfeito. Querer sempre mais. Gritar por ‘bis’.
Dia a dia, banquetear seus versos, contos e prosa.
Afinal, é vitaminas para alma e ultimamente tenho andado tão ‘magrinho’.

Tento iniciar novamente o texto.
Sou perseverante. Enquanto ninguém dizer para largar essa arte, vou continuar escrevendo... quer dizer... continuarei à tentar escrever.
Agora mesmo iniciei uma crônica, mas não dei continuidade.
Iniciei um poema, mas também não dei continuidade.
Tenho uma coleção de rascunhos (de idéias) aqui em casa aguardando o momento de consegui-los dar vida. Sopra-los em suas narinas e ver um ‘texto vivente’.
Por isso volto afirmar: O poeta é um mago.

Disseram-me estar no rumo certo. Dizem que para escrever um belo poema, o poeta tem ao seu lado a transpiração, pois nem sempre a inspiração o ajuda. Mas esses não sabem o quanto já suei. Esperneei. Transpirei e muito. Só perdi liquido e algumas horas em frente ao computador.
Num ritual macabro, tentei invocar a inspiração.
Imagina, ao ‘baixar’ em mim a inspiração psicografasse Quintana.
Sei que deves estar pensando: - Aí é querer de mais!
Esse é o problema... sempre quero de mais.
Não contento em lê-los, os quero.
Há como queria tê-los escritos.
Almejei até roubar, mas a consciência relutou ser pecado.

Não quero sumir somente coelhos da cartola, ambiciono-me em mover sois, criar universos. Por falar em criação, tentei criar um mundo, esses de “faz-de-conta”, um mundo onde pudesse expressar minha alma, ou para aplicar fundos morais para os meus leitores. Desisti(pelo menos por enquanto). Dividir as águas da terra dá muito trabalho. Minha primeira tentativa foi puxar a água com o rodo, sem muito resultado, pois a água voltava. Na segunda, tentei secar a terra com um pano seco, logo percebi que precisaria de milhares de panos. Como a idéia de criar (acho que não seria essa a melhor palavra, afinal criamos a partir do que já existe, moldar seria a melhor palavra) fracassou, decidi entrar num mundo existente. Nesse instante fui ousado, escolhi o mundo de Nárnia para fazer minhas aventuras. Queria ver o grande leão, Aslan. Os animais falantes. Tomar um chã(de preferencia gelado) com Lucia. Mas chegando lá que decepção, Aslan não apareceu, os animais não falavam e Lucia não era tão bonita. Logo entendi o porque, faltava o toque do autor. Nárnia sem C.S.Lewis não é Nárnia, é uma farsa, todo bagunçada e sem nexo. Corri de lá.

Tentei reiniciar o texto. A palavra tem o poder de rejuvenescer à alma, infelizmente poucos verdadeiramente as domina. Voltei e nada.

E tento novamente escrever minhas palavras.
Novamente.
Novamente.
Foi aí que fui iluminado. As palavras não são minha. Elas nasceram para viver livre. Elas ‘quebram nosso galho’ quando precisamos transmitir alguma idéia(de pensamento). Fomos chamados para trabalhar em parceria com as palavras, nada desse sistema de opressão. Esse foi o meu erro, as oprimia. Enquanto que na verdade cada um faz a sua parte na construção do enredo (seja de um conto, crônica ou poema). Assim como somos chamados (por Deus) na construção da nossa história, nós chamamos as palavras para construir uma outra história. Minha visão nesse sentido foi aberta, como por mágica. Na próxima vez que estiver com um lápis em mão (eu sei que os tempos são outros, mundo informatizado, coisa e tal. Mas fica muito mais poético do que dizer “teclado em mão”) lembrarei disto. Quero acreditar que o verbo se fez carne, para nos ensinar a fabulosa arte de se fazer verbo. Por isso, enquanto fôlego em mim houver, gastarei nisso.

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