28 de junho de 2008

Um dia desses no terreiro de macumba...

Diz as mais línguas que certo dia no terreiro de macumba aconteceu um fortuito.
Quero deixar bem claro que apenas estou repassando o que ouvi. A pessoa que me contou soube por uma outra, que por sua vez soube por outra e essa por uma outra e assim sucessivamente.
Bem, sem mais rodeio. O que contaram foi o seguinte:
As mães, os pais, os tios e as avós de santo começaram o seu ritual rotineiro e o ritual tinha como objetivo invocar a sua entidade. E começaram a invocar... a invocar... a invocar... e a entidade nada de aparecer. Acharam estranho. O santo nunca foi disso. Sempre foi pontual nos seus compromissos.
- O que será que aconteceu? - Perguntavam-se.
Mas quando começaram a imaginar o pior... Quem entra em cena? O individuo.
Já aparece pedindo desculpas e explica que de ultima hora foi convocado a comparecer numa reunião da igreja universal, como tinha contrato com os caras de lá... aí você já viu né? rs

9 de junho de 2008

O inferno não existe!


O inferno não existe! Estou definitivamente convicto disso. Sei que estou mexendo em formigueiro, afinal, fomos ‘adestrados’ a nunca questionar dogmas. Quem questiona dogma tem um destino certo, a fogueira. Mas minha alma não teme. Ela sabe que não precisa temer o fogo, seja ele o que for, pois das cinzas ela renasce livre e forte. E por não temer, digo que é muito difícil acreditar que Deus preparou um lugar de sofrimento eterno para todos aqueles que não o aceitou como Senhor de suas vidas – ou se preferirem, que Ele não escolheu para morar no Céu.

O inferno não existe! Pelo menos não no sentido mais utilizado desta palavra. Creio que o inferno descrito em Apocalipse 20.15 é um lugar da inexistência, o relato bíblico nos fala que “aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo”, que é “a segunda morte (Ap 20.14)”. Se na primeira morte deixamos de viver, na segunda, deixamos de existir. Bem, pelo menos é assim que penso. Apoio-me também naquelas palavras de Paulo em Atos 18.28 que diz: “pois nele (Deus) vivemos, e nos movemos, e existimos...”. Paulo está dizendo que Deus é o lugar de nossa existência. Fora Dele nada existe. Quando olhamos a história da humanidade o que observamos é a luta do homem pela independência. É só lembrar que a ambição de Adão e Eva era de ser ‘como deuses’, numa linguagem bem popular ‘donos de seu próprio nariz’. Então, se Deus é o lugar de existência, quando nos distanciamos Dele deveríamos deixar de existir. Se existimos, estamos em Deus, pois como sabemos o ser humano não tem condição de se sustentar sozinho. Aí entra a questão. Se quisermos ficar longe de Deus, estamos pedindo pra deixar de existir. Acredito que a misericórdia de Deus até aí age. Visto que dá a sua criatura aquilo que ela pede: A inexistência. A tristeza de Deus é que Ele nos criou para termos vida em abundancia e desfrutarmos dela com Ele.

Em resumo o que afirmo é: As almas não-salvas deixarão de existir em algum momento após a morte. Serão excluídas da presença e da comunhão de Deus, visto que o rejeitaram em seus corações. Como falei, uma vida sem Deus e sem a sua graça é uma não vida, ou seja, uma não existência.

Esse meu questionamento surgiu quando escrevia um trabalho acadêmico, nele eu abordava a questão do sofrimento humano. Lembro que no meio do trabalho fui tomado por algumas dúvidas existências: “Será que Deus castigue com sofrimentos eternos pecados que foram cometidos no tempo? Será que o sofrimento humano nunca terá fim?”, até escrevi um texto sobre isso, no qual transcrevo uma pequena parte dele, “É difícil pra eu afirmar que Deus antes da fundação do mundo planejou criar seres humanos com o propósito de que nascessem, vivessem numa vida miserável e por fim de sua vida queimasse eternamente no inferno.” . Sofrimento eterno á pecados cometidos no tempo, seria – ao meu ver – dar demasiada onipotência ao mal, em outras palavras, seria o mesmo que dizer que a Queda teve um impacto maior na humanidade do que a Redenção propiciada por Cristo [Leia Romanos 5.15-21].

Aqui nesse parágrafo gostaria de acrescentar mais dois outros versículos. O primeiro está em Mateus 25. 46, que diz: “E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna”. A palavra usada aqui para classificar ‘eterno’ é a palavra grega ‘aionios’ que significa “que pertence à era porvir”. E segundo o filologista Basil Atkinson, "Quando o adjetivo aionios significando ‘eterno’ é usado no grego juntamente com substantivos de ação, ele se refere ao resultado da ação, não ao processo. Assim a expressão ‘castigo eterno’ é comparável a ‘redenção eterna’ e a ‘salvação eterna’”, sendo assim “os que se perdem não passarão eternamente por um processo de castigo mas serão punidos uma vez por todas com resultados eternos”. O outro versículo está em 2 Tessalonicenses 1.9, onde Paulo explica o significado de “sofrerão penalidade de eterna (aionios) destruição” adicionando “banidos da face do Senhor”. Banir é uma expressão que denota exclusão. O castigo eterno que o homem recebe é de ser excluído da presença de Deus. Como percebe, voltamos do ponto que partimos.

Como se percebe, esse texto está distante de ser uma tese (Nem tenho cacife pra isso). Os próprios versículos mencionados em defesa desta idéia estão longe do ideal acadêmico, visto que não procuro fazer nenhum estudo exaustivo. Também não quero levar os leitores à exaustão. A letra pode acabar matando a paciência destes. Nem tampouco procuro defender com “unhas e dentes”, procuro apenas afirmar o que acredita meu coração. Então, estou apenas seguindo a receita médica. Breno faça exercícios – disse o médico. Pratico aqui o exercício favorito dos teólogos, a especulação. Digo isso, por que a Bíblia não nos diz muita coisa a respeito do inferno, a não ser fazendo uso de linguagem metafórica ou alegórica. Assim deixo no campo da especulação porque nunca estive e nem quero estar no inferno só pra confirmar uma idéia. Mas não é de admirar que o inferno ‘sem fim’ seja tão defendido pela cristandade. Praticamente toda teologia foi construída em cima dele. É o medo do inferno que levam muitos a Cristo. Tão importante é essa idéia de inferno que Tomás de Aquino afirmou que a visão do inferno faz parte da bem-aventurança de Deus e dos salvos, no Céu. É muito mais fácil de obter o controle da alma do povo com o medo do que com o amor, concorda comigo? Mas seguir a Jesus por medo do inferno só revela uma coisa: A nossa total falta de amor por Ele. Queridos, com Cristo até o inferno transformasse em céu, isso porque céu é a Sua presença. O nosso estimulo para andar com Cristo deve ser por amor e somente por amor. E só vai para o inferno quem realmente queira no final. Afinal o sacrifício de Cristo é suficiente para salvar a todos.

Hoje, não consigo pensar no inferno como um tempo sem fim. Mas entendo quem pensa diferente, pois nós, criaturas condicionadas ao tempo, a única realidade que conhecemos é o momento, não conhecemos o não-momento ou o tempo além-do-tempo. A visão humana de tempo é cronológica, partindo dela é inevitável enxergar o inferno como um lugar de sofrimento e torturas infindáveis – digo ‘lugar’ porque tempo demanda espaço. Mas para acreditar num inferno deste é preciso pensar em Deus como sádico e não como amor. Não estou querendo dar demasiada ênfase ao amor divino, deixando de lado os outros atributos. Sei que Deus é Amor, mas também é Justiça, é Santidade... E as suas misericórdias duram para sempre (SL 106:1). Mas o que estou escrevendo aqui é a compreensão que tenho de Jesus e do Seu Evangelho. O Evangelho me diz que a Graça, Misericórdia e o Amor superam tudo.

Finalizando. Acho que é valido relatar um fato que aconteceu comigo para melhora ilustrar essa questão da eternidade. Lembro que tempos atrás fui embebido por um sentimento que mexeu em todo o meu ser. Esse sentimento levava-me a angustia muitas das vezes. Uma angustia na alma que parecia não ter fim. O sentimento em si era algo bom, a própria angustia devido a esse sentimento tornava-se boa. Como estou falando de ‘paixão’, sabemos que não é um sentimento pra se viver à vida toda. E bom enquanto dura. Se começa a durar muito se torna algo terrível, como Vinicius de Moraes sugeriu “que seja infinito enquanto dure”, mas que não seja infinito de “imortal, posto que é chama”. Estou contando essa experiência, pois foi nela que minha visão de eternidade veio a mudar. Deixei de ver a eternidade como ‘algo sem fim’ para algo ‘com o fim nele mesmo’, posto que experimentei um pouco do que poderia chamar de eternidade, embora mergulhado no tempo. Senti na alma algo que parecia não ter fim, enquanto que na realidade do tempo durou apenas um momento. Se for para pensar no inferno, pensemos deste jeito. Longe de catalogá-los na realidade tempo-espaço. Assim pode-se dizer que será rápido em relação ao tempo e eterno em relação à eternidade e mais, como o inferno acontece no não-tempo a sua natureza é de origem existencial.

Concluindo. Minha esperança é: Haverá um momento que o sofrimento humano acabará. Tanto para o Trigo quanto para o Joio. O mal será extinto da face da Terra (física) e do Céu (metafísica). Afinal, escatologia é isso, fim de algumas coisas e o começo de muitas outras.