15 de março de 2008

Lição tirada de um filme.

Recebi uma iluminação. Direi que foi divina, pois só pode ter provindo dele algo tão valioso. Estava sentado no sofá diante do televisor. O ambiente escuro de repente foi tomado por uma luz. Não foi nenhuma aparição de “seres-angelicais” é que o televisor fora ligado. Em sua tela revelava-me o filme “O fabuloso destino de Amélie Poulain”. Não me prenderei em contar a estória (- Quem quiser que veja!) mas em passar-lhes a iluminação que recebi.

A primeira vista ao vermos o filme diremos não ter nada de tão fabulosa na vida de Amélie. É simples demais. E acredito ser esse o brilho do filme, pois mesmo com uma vida (digamos assim de passagem) pacata, é nítido enxergar seu olhar de satisfação. Percebemos então que Amélie compreende muito bem que são, na verdade, nos pequenos detalhes que determinam o grau de satisfação com que levamos nossas vidas. E ela torna-se fabulosa quando conseguimos enxergar essas pequenas coisas. A graça da vida está no canto dos pássaros, no beijo da pessoa amada, nas primeiras palavras ditas por uma criança, ver a expressão das pessoas em uma sala de cinema (prazer de Amélie). São tantas coisas! Compor uma canção, escrever um poema, brincar, roubar manga, ouvir a melodia da chuva... e é incrível que essas pequenas coisas muitas vezes passam desapercebidas entre nós.

Essa é uma lição de valor eterno. A vida não é medida pelo número de anos vividos, nem pelos grandes empreendimentos feitos, mas sim pelos pequenos gestos. Lembro que um dos sonhos de minha mãe era de conhecer Campos do Jordão. Meu pai com muito esforço conseguiu levá-la. Garanto que o sorriso de sua amada foi seu principal prêmio. E para mamãe estar no lugar dos sonhos com ele é tudo. Não seria a mesma coisa se não tivesse sua presença. Isso que ficará em sua lembrança.

O segredo para aprender viver está com as crianças, pois alegria é coisa inerente a elas. Já notou que criança se contenta com qualquer coisa? Quando menino teve ocasião que me diverti até com um parafuso (Brincadeira que me custou caro, pois hoje funciono com um parafuso a menos). Não é de admirar que Jesus nos advertiu que para se entrar no seu Reino precisaria tornar-se criança (Mt 18.3). Criança é assim. Transforma as pequenas coisas da vida em grandes oportunidades de ser feliz. Já adultos são aqueles tolos que acreditam que “dinheiro traz felicidade”, e como ouvi alguém certa vez falando: “Só serei feliz se...”. Criança não pensa muito em felicidade ela é feliz e pronto. Quem pensa muito em felicidade é porque sofre de infelicidade. Alias, acredito que deixamos de ser criança no momento que pensamos como adulto. Não é de admirar que o ato de pensar seja próprio deles. Alberto Caeiro dizia que “pensar é estar doente dos olhos”, “é não compreender”. Concordo e sou da seguinte opinião: Os adultos pensam porque não estão felizes com o que são.

Na parábola dos talentos algo importante pra ressaltar é que o senhor prometeu o gozo aos servos que foram fieis no pouco recebido. Penso que Deus só deixará entrar no Céu os possuidores dessa verdade, pois de outra forma o paraíso não será totalmente desfrutado, é questão de lógica. Adão e Eva foram expulsos do jardim por agirem como adulto, queriam ser “donos do seu próprio nariz”. Jesus afirmava: “Quem não receber o Reino de Deus como uma criança nunca entrará nele. (NHTL - LC 18:17)”. Precisamos ter um coração de criança para apreciarmos cada momento de alegria, cada minuto de amor, pois são essas as razões que tornam essa vida fabulosa. O Céu começa aqui.

No futuro escreverei um livro chamado “A fabulosa vida de Breno”, estarei certo que muitos também não acharão nada de tão fabulosa.